Manuel DuarteA Banda Filarmónica Ovarense comemora este ano o seu bicentenário. Perante este importante acontecimento, Manuel Duarte, eleito do PCP na Assembleia de Freguesia de Ovar, dirigente da Banda e autor de um livro sobre a sua história, propôs, na reunião do passado dia 13 de Abril, um voto de louvor à Banda Filarmónica Ovarense em reconhecimento pelo seu relevante papel no desenvolvimento da música e na projecção do concelho pelos mais diversos locais do pais. O voto foi aprovado por unanimidade.

Ovar 17 de Abril de 2011

A Comissão Concelhia de Ovar do PCP

 

 

Junto se transcreve a intervenção de Manuel Duarte.

 

A Banda Filarmónica Ovarense está a comemorar 200 anos de existência.

Foi criada quando os franceses invadiram Portugal, por necessidade de preservar uma “música” (nome dado aos agrupamentos musicais), que existia no seio da Ordem Terceira de Ovar, conhecida por “Música dos Padres”.

A revolução desse tempo trazia mudanças na organização da sociedade, entre as quais, a extinção das Ordens Religiosas.

A “música” estava em desagregação, por esse motivo e para fazer as festas, em especial as Procissões Quaresmais, vinha a Música de Arrifana.

O Juiz de Fora, Dr. José Maria Salgado Valente (o Juiz de Fora tinha a missão de administrar a justiça e também a administração pública dos bens e da sociedade) tomou a decisão de formar uma colectividade civil com os elementos da “Música dos Padres” e de outros músicos ovarenses. Não completou a obra porque, entretanto, foi preso, acusado de ideias pró francesas. A política tem destas coisas, bom num dia, mau no seguinte.

Coube ao Dr. António José Pereira Coelho de Melo, um ovarense que substituiu o Dr. Salgado Valente, dar corpo legal à colectividade designada Sociedade Filarmónica Ovarense em 4 de Dezembro de 1811, formada por 18 sócios, padres, boticários, oficiais e sargentos das milícias e um cirurgião.

Organizada à semelhança dos agrupamentos ingleses, com instrumentos e vozes, apareceu em Março ou Abril de 1812 a tocar na Procissão dos Terceiros, como consta nos registos da Ordem.

Não mais parou.

Em 1846 aprovou os primeiros Estatutos na presidência do Dr. João Corte Real e adaptou-se ao uso de fardamento.

Os segundos Estatutos foram aprovados em 1935 e os terceiros em 1986 de acordo com as normas em vigor. Passou a designar-se Banda Filarmónica Ovarense.

A sua História é também a história de Ovar. Esteve em todos os acontecimentos que marcaram a vida dos ovarenses, inaugurações, comemorações, visitas de príncipes, reis e rainhas, ministros e vereadores. Tocou no teatro, no cinema, na televisão, nas praças, nas capelas e nas igrejas.

Passou por períodos empolgantes e por menos bons. Em 1889 sofreu uma cisão, que deu origem ao aparecimento da Banda Boa União (Música Nova). A partir daqui foi apelidada de “Música Velha”.

Venceu um certame de bandas do Distrito de Aveiro em 1905 e classificou-se em 3º lugar em 1939.

É Pessoa Colectiva de Utilidade Pública desde 1987.

Actualmente, com a regência do maestro Covas e direcção de Alcino Andrade, mantém em funcionamento uma escola de música, de que têm beneficiado muitos jovens ovarenses. Tem cerca de quarenta alunos, que vão engrossar o corpo musical. É uma escola de vida.

Está a passar por um período brilhante da sua existência, como prova a sua participação no Festival de Bandas “Ao mais alto nível” do Europarque em 2009.

Por toda a sua história.

Pelo trabalho desenvolvido em prol de Ovar.

Pela divulgação do nome de Ovar, que honrosamente tem levado por todo o País.

Pela comemoração de 200 anos de vida activa.

Proponho:

 

Que a Assembleia de Freguesia de Ovar aqui reunida, aprove um voto de louvor à Banda Ovarense e disso dê conhecimento público.

 

Manuel Duarte