Opinião

Introdução

Miguel ViegasNeste pequeno texto sobre a proletarização das profissões intelectuais, irei procurar lançar algumas pistas de reflexão sobre esta questão actual e objecto de muita mistificação por parte daqueles que fazem a apologia do pensamento único, do fim das classes sociais, alimentando no fundo uma ideia segunda a qual não existem mais classes antagónicas e portanto a luta de classes é um termo do passado que já não faz mais sentido.

Como é óbvio para todos, e creio que isto ficará claro ao longo da minha intervenção, a luta de classes está hoje e cada vez mais no centro da actualidade e deve por isso representar um quadro de análise sem o qual não é possível compreender as movimentações sociais e políticas que acontecem à nossa volta com todas as suas consequências que, invariavelmente são sempre muito distintas conforme as classes que são atingidas.

Desta forma, ao longo da minha apresentação, começarei por falar de alienação, na sua concepção marxistas, sem a qual não é possível perceber a emergência e a importância do trabalho intelectual quer no interior da esfera produtiva com o seu contributo para a criação da mais-valia, quer no processo de produção de ideias destinadas a alimentar o domínio da superstrutura ideológica que suporta e justifica o nosso actual modo de produção capitalista. Depois de clarificar este conceito, iremos tentar perceber a incorporação crescente do trabalho intelectual na nossa sociedade, à luz da actual fase de desenvolvimento do capitalismo e da chamada terceira revolução tecnológica assente na informática, nas biotecnologias e na automação. Ao descrever este processo de incorporação crescente de trabalho intelectual na engrenagem do processo de produção capitalista e à luz das leis mercantis que lhe estão associadas, procuraremos aclarar os mecanismos que determinam o processo de alienação do trabalhador intelectual e que em última instância estão na base da sua proletarização. Finalmente, concluiremos com a necessidade óbvia de alargar a nossa luta procurando envolver estas camada social, que hoje, inevitavelmente se confronta com questões absolutamente comuns às restantes classes laboriosas como sejam a exploração desenfreada, a precariedade e o desemprego.

Manuel DuarteOvar nasceu e cresceu num ponto estratégico, como entreposto de mercadorias, vindas desde Coimbra, do Porto e, Douro acima, até Trás-os-Montes.

A Ria, principal meio fluvial de transportes, foi o elo de ligação e desenvolvimento.

Ovar tornou-se um importante centro comercial a partir da Idade Moderna, isto é, a partir do século XVI.

Com o desenvolvimento comercial vieram as indústrias. Primeiro a pesca com a “Arte Xávega”, (chegou a ter à volta de mil trabalhadores diretos e indiretos), depois as conservas pela salga e, mais tarde, as conservas enlatadas prontas a comer. A fábrica “Varina” chegou a ter trezentos trabalhadores durante a primeira guerra mundial.

Os produtos que aqui chegavam vindos do Sul - arroz, cereais, vinhos e sal – desenvolveram indústrias à volta deles. Descasque de arroz, inicialmente nos moinhos de água e depois em grandes fábricas a vapor. Grandes armazéns de vinhos onde o vinho era tratado, envasilhado e distribuído. Armazéns de sal, muitos, para guardar e para a distribuição do mesmo.

Para todo este movimento havia transportadores, almocreves, carroceiros e recoveiros.

A agricultura, aproveitando esta condição, desenvolveu-se na Ribeira, Marinha, Torrão do Lameiro e S. João. Cebolas na Ribeira e Marinha; cenouras e hortaliças no Torrão do Lameiro; nabos, feijão e outros legumes em S. João.

A vinda do comboio reduziu os transportes pela Ria, mas não fez esmorecer o comércio em Ovar. Com o comboio, vieram outras indústrias que, beneficiando dos transportes mais fáceis para as mercadorias, por cá se estabeleceram: Metalurgia, têxteis, moagem de trigo e outros cereais e a indústria de motores elétricos.

Ovar, hoje, encontra-se como o resto do País, perdido no meio da tempestade criada pela globalização, sem rumo e sem estratégia para o futuro.

As pescas extinguiram-se com o excesso de capturas para abastecer de conservas as duas grandes guerras. Das oito campanhas, em 1950 restava uma que, pouco depois viria a falir.

Os transportes de mercadorias passaram para a estrada. Ovar deixou de ser um entreposto de mercadorias.

Vieram as multinacionais, a partir dos anos sessenta, ligadas às indústrias elétricas e aos automóveis, empregando milhares de trabalhadores. Ovar viu crescer a sua população com a vinda de muitas pessoas, atraídas pelos empregos, que do Douro demandaram esta terra e por cá se integraram e ficaram.

Os ventos da globalização tudo varreram. As multinacionais sumiram, deixando no desemprego milhares de trabalhadores. As duas empresas que restam, que são as maiores empregadoras da freguesia, estão ligadas ao ramo automóvel e, mau grado, trabalham para outras multinacionais - Toyota, Peugeot-Citroen e Auto Europa – dependendo em exclusivo delas.

Sérgio Rocha

Nos últimos tempos temos sido bombardeados pelos media sobre um certo Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) ou o famoso slogan “Quando construímos uma barragem construímos um mundo melhor”, mas ninguém sabe ao certo para quem é esse mundo melhor, se para um bem comum e ambiental ou se para os mesmos de sempre.

Estão à espera de serem construídas 10 novas barragens nas nossas bacias hidrográficas, 6 dessas na bacia do Douro, que só por si já tem 14, algumas das quais mal projectadas e outras para compensarem os erros das anteriormente construídas.

José Catarino

No dia 27 de Março de 2010,realizou-se no Centro de Trabalho do PCP em Ovar,a 9ª Assembleia da Organização Concelhia de Ovar.Como é normal neste Partido desde a sua fundação há 89 anos o trabalho nunca falta e o que há para fazer já devia ter sido feito ontem.É assim que surge um documento/ proposta de resolução política,e da comissão concelhia a eleger, elaborado por um grupo de camaradas que,supostamente devia ter ser lido e estudado pelos mais de trezentos membros da organização.Sendo tal tarefa desejável mas de difícil concretização prática por razões da vida quotidiana e/ou inércia a que a pressão ideológica do “não vale a pena”e das inevitabilidades não será de todo alheia, a dita proposta lá chegou aos membros mais activos e organicamente enquadrados.

Miguel JeriDizia um amigo meu que "é mau hábito habituarmo-nos". Teremos parado para pensar que obscura razão está por detrás do facto de perdermos continuamente qualidade de vida? Há anos, anos e anos que perdemos em todas as dimensões possíveis: perdem-se empregos, perdem-se serviços, perde-se poder de compra, perde-se vida. Mas o pior não é isso: o verdadeiramente assustador é a naturalidade com que começamos a encarar o facto.

Há 10 anos, em 1999 tínhamos uma maternidade de serviço ao concelho, um serviço de urgências onde nos poderíamos dirigir e ter assegurado tratamento, um serviço de pediatria onde poderíamos levar as nossas crianças para internamento pediátrico. O séc. XXI estava próximo, e 2009 parecia um ano longínquo. Quem seria capaz de adivinhar que em apenas 10 anos teríamos um hospital sem a maternidade que tínhamos, sem pediatria e ainda sem serviço de urgências funcional?

Renata Costa

E já lá vai um acto eleitoral… E o que mais se fala a este respeito? Da abstenção e desinteresse dos jovens pela política, a parte da derrota do PSD, claro está. Será verdade que os jovens são os principais desinteressados na vida polícia do país?

Se poderá ser verdade que os jovens têm se tornado cada vez mais desinteressados, também é com certeza verdadeiro que há muitas razões que os levam a tal - e isto é facilmente perceptível no contexto actual, em que os sucessivos governos deste país primam por uma política de completo desinvestimento e afastamento da juventude de todos os pilares da sociedade. O investimento na cultura é cada vez menor e como consequência disto temos um esvaziamento e secundarização da cultura. O desinvestimento no desporto que levou à sua desvalorização. Também o Ensino Superior tem sido uma das vítimas preferidas do governo, e por conseguinte, também os estudantes. Ou ainda dos jovens trabalhadores, os principais prejudicados com a nova legislação laboral. O que concluímos é que, hoje em dia, é a carteira a verdadeira bitola do governo.

José CatarinoÉ com frequência inquietante pela desinformação/ignorância políticas que se ouve dizer "que o eles querem é tacho". Servem estas linhas para ajudar quem, sinceramente, se queira informar sobre as propostas do PCP acerca de tão delicada matéria.

Juliana SilvaQuem é que gostava de ver as notícias do dia-a-dia sem se esbarrar num país carregado de pessoas desempregadas, onde os jovens não têm formas de iniciar uma vida autónoma, os trabalhadores vêem-se cada vez mais atacados pelas políticas de direita do actual governo, as unidades de saúde a fechar em vez de serem melhoradas, as escolas sem responder às necessidades das nossas crianças, quem não gostaria que o nosso governo estivesse com o povo em vez de estar contra ele? Que o emprego fosse o futuro em vez de ser uma dificuldade? Pois, decerto que todos gostaríamos; todavia a precariedade no trabalho e o desemprego têm aumentado; a saúde transforma-se num negócio, bem como a educação desde a pré-escola até ao ensino superior.

Alice JeriQuem é do tempo do café a 60 escudos, dificilmente pensa na ideia de União Europeia sem o franzir de sobrolho correspondente aos actuais 60 cêntimos que a mudança para o Euro rapidamente reclamou.

Não foi aliás, só a bica que isto da Europa inflacionou: falo, como é natural, da inflação das licenciaturas. “No meu tempo”, uma licenciatura dava direito a estágio pago, usar “Dr.” antes do nome e abria a perspectiva de um futuro risonho e profissionalmente seguro. Hoje, ter só uma licenciatura é passe directo para a caixa do Continente, e haja cunha!

A notícia é da agência Lusa de 22 de Julho, publicada no jornal Público e tem por título:

Compromisso Portugal “chumba”governo de José Sócrates.

José Catarino

Para quem não tem a memória curta, sabe que os “artistas” do Compromisso são “homens do presidente” Cavaco Silva que, em tudo o que prejudicou os direitos dos trabalhadores e dos remediados das camadas médias, assinou por baixo todas as medidas da política de direita do Governo Sócrates e seus companheiros mais ou menos alegres.

António Macedo, cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Ovar

Não deixa de ser irónico que este incêndio deflagre precisamente à mesma hora que estava reunido o Conselho Municipal de Segurança de Ovar, no momento em que uma vez mais havia sido feito o alerta relativamente ao perigo que constituía o Bairro de S. José. Dois dias antes tinha-se registado um outro incêndio nesta mesma área e à mesma hora deflagrava um outro em S. João de Ovar.

Não faltaram antes os alertas e avisos neste Conselho Municipal, dos Bombeiros e de eu próprio nesse Organismo, enquanto representante da União dos Sindicatos de Aveiro, mas também da CDU, dando conta do barril de pólvora que era este pinhal, e das preocupações relativamente ao Bairro de S. José, alertando para a necessidade da limpeza e vigilância da floresta por parte da Câmara.