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Pela mão de um governo PS e com o fervoroso apoio de uma câmara municipal, gerida igualmente pelo PS, Ovar assiste, pela segunda vez, a mais uma amputação do seu hospital. Depois de ter encerrado a maternidade, agora é a vez do serviço de urgência. Sobre esta matéria a Comissão Coordenadora de Ovar da CDU mantém que este encerramento não resulta de qualquer análise técnica ou científica. Resulta sim de uma decisão política, visando clara e objectivamente o empobrecimento forçado da componente pública dos serviços de saúde prestados às populações, abrindo espaço ao negócio privado.

 

Mesmo analisando a fundamentação pseudo-técnica que sustentava o encerramento, importa relembrar que o Hospital de Ovar preenchia todos os requisitos necessários para a manutenção do seu serviço de urgência (meios técnicos, afluência, área de influência etc.) à excepção de um: a sua proximidade com o Hospital da Feira. O próprio relatório previa a existência de uma urgência básica suplementar em casos de excessiva concentração de utentes num único hospital, como vai fatalmente acontecer com o Hospital da Feira, que passará a servir uma população superior a 600 mil utentes.

 

Entretanto, fruto da importante luta que envolveu grande parte da população de Ovar e do seu movimento associativo, o governo, num claro recuo face aos seus propósitos iniciais, decidiu manter um serviço de consultas não programadas entre as 8h e as 24h, apetrechando o hospital com uma nova ambulância. Este é claramente um elemento positivo que demonstra de forma clarividente que o protesto valeu a pena e que sem ele as consequências poderiam ter sido bem piores. Neste sentido, por maior e mais hábil que seja a retórica do PS, nada apaga o lamentável facto de termos deixado de ter a partir deste fim-de-semana um serviço de atendimento de saúde nocturna num claro retrocesso civilizacional.

 

Mais, com este precedente, abrem-se as portas a outras reduções de horário, aos fins-de-semana, nos feriados, ou porque há poucos atendimentos, ou porque há poucos médicos ou porque fica muito caro etc.

 

A Comissão Coordenadora de Ovar da CDU, que esteve sempre na linha da frente pela defesa do Serviço Nacional de Saúde público, universal e gratuito em geral e pela valorização do Hospital de Ovar com todas as suas valências em particular, repudia frontalmente este encerramento e reafirma a sua firme disposição de continuar a luta contra novas medidas que certamente virão com o propósito de aniquilar progressivamente o Serviço Nacional de Saúde, entregando mais esta rentável área de negócio aos grandes grupos privados que dominam cada vez mais neste país.

 

Ovar, 16 de Dezembro de 2007

A Comissão Coordenadora de Ovar da CDU