Na sequência da criação das duas novas unidades de saúde familiares de Ovar e S. João, todos os utentes daquelas duas freguesias foram convocados para se dirigirem ao centro de saúde com vista à sua nova inscrição.  Demonstrando uma total falta de capacidade de organização, o Centro de Saúde de Ovar, ao convocar milhares de utentes para um processo desta natureza e por um prazo tão curto de tempo, tem provocado enormes filas de espera (ver), criando situações altamente embaraçosas que motivaram inclusivamente a intervenção da polícia para acalmar alguns ânimos justamente exaltados.

Mínimo de organização teria evitado filas enormes para os utentes

Sobre este lamentável acontecimento, a Comissão Coordenadora de Ovar vem, através desta nota, lamentar em primeiro lugar a total falta de competência do Centro de Saúde que poderia e deveria ter tomado um conjunto de medidas que teriam evitado este enorme embaraço à população. Desde a convocação faseada dos utentes até possibilidade de utilização de outros meios tais como a internet ou a simples via postal, muitas teriam sido as alternativas caso houvesse o mínimo empenho nesta questão.

 

Em segundo lugar a Comissão Coordenadora de Ovar manifesta igualmente as suas mais profundas reservas face à substituição dos Centros de Saúde por unidades de saúde familiar, que não deixa, como era afirmado ainda há bem pouco tempo, nenhuma possibilidade de escolha por parte dos utentes. As Unidades de Saúde Familiar - representam como a CDU tem afirmado - uma antecâmara para a privatização dos Cuidados de Saúde Primários. Sob a capa de uma maior eficiência que não se percebe porque não é incrementada nos actuais moldes do Serviço Nacional de Saúde, contratualiza-se com equipas mistas de médicos, enfermeiros e administrativos, uma carteira de serviços de cuidados primários mediante o pagamento pelo estado de chorudos incentivos. Sendo positivo o alargamento do horário de atendimento anunciado, mas que a CDU aguarda para ver até porque ainda não está claro como este se irá processar, se através de mais horas de trabalho dos actuais médicos, ou se pela contratação de médicos suplementares, a Comissão Coordenadora de Ovar da CDU reitera as suas fundadas preocupações relativamente ao futuro, num quadro geral onde as parcerias publico-privadas acabam por gerar sempre custos acrescidos aos utentes, seja directamente através de lacunas que sempre acontecem por mais completos que sejam os contratos destas parcerias, seja indirectamente pagando o Estado mais a estas novas unidades em comparação com a actual situação.